quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Há felicidade em amar.



Uma vez o Pastor curvou-se, tocou gentilmente as florzinhas e disse, sorrindo:
- Viva a doçura deste ambiente, e você descobrirá que o Amor está espalhando um tapete de flores debaixo de seus pés.
- Eu tenho sempre admirado as flores silvestres - disse ela olhando-o séria, e prosseguiu:
- Parece estranho que tão grande multidão delas brotem e floresçam em lugares agrestes, onde talvez ninguém as veja e onde cabras e cabritos monteses podem pisá-las e destruí-las. Elas dão tanta beleza e doçura, e contudo não há ninguém que tire proveito delas ou as aprecie.
Era belo o olhar que o Pastor lhe dirigiu, ao dizer:
- Nada do que meu Pai e eu fizemos se perde. As flores têm uma bela lição a ensinar. Elas se entregam voluntárias, confiantes, mesmo que ninguém as apreciem. É como se cantassem alegre canção a elas próprias acerca da felicidade de amar, mesmo nada recebendo em troca.
- Vou dizer uma importante verdade, que poucos aprendem. As maiores belezas da alma humana, suas grandes vitórias e esplêndidas realizações, são sempre aquelas que ninguém conhece, e que nem de leve podem ser descobertas. Cada resposta íntima do coração humano ao amor, cada conquista sobre o egoísmo, é nova flor na árvore do Amor.
- Até a simples, obscura e silenciosa vida que o mundo desconhece -continuou o Pastor- é verdadeiro jardim de deleites onde as flores e os frutos do Amor alcançam perfeição ao ponto de o próprio Rei do Amor por ele passar e alegrar-se com seus amigos. Alguns dos meus servos têm obtido, na verdade, grandes e visíveis vitórias, e são muito amados e reverenciados por outras pessoas; mas muitas vezes suas maiores conquistas assemelham-se a flores silvestres, que geralmente vivem no anonimato.


Por Hannah Hurnard,
Em "Pés como os da corça nos lugares altos".